Rodada 1 (debatedora): Discutir as possibilidades de interfaces com as quais as próprias pessoas engajem para dar continuidade na produção (Como proposto por Haque), tendo em mente a mudança de foco do produto para o processo (Como proposto por Jones).
Durante o debate foi discutido, assim como no texto "Arquitetura, interação e sistemas", de Haque, como a arquitetura atual é, em sua maior parte, uma transmissão meramente "reativa", ou seja, o ambiente projetado não permite uma troca de interação com o usuário. Modelos pré-determinados e padrão de escalas, por exemplo, anulam a experiência do usuário como indivíduo e agente no ambiente, e como foi proposto por Jones, uma das razões para isso acontecer é a mudança de foco do processo para o produto final. Os dois autores se encontram na ideia da importância do processo, em que os usuários devem ter papel importante tanto na elaboração de um espaço, quanto na troca de interações quando o ambiente estiver pronto.
Rodada 2 (observadora): a interatividade interativa e a interatividade não-interativa exemplificando com "objetos" (quase-objetos ou não-objetos), espaços e situações do cotidiano.
Na minha percepção, a interatividade interativa se relaciona com a os sistemas interativos de "circuitos múltiplos" de Haque, onde a interação depende da abertura e da continuação dos circuitos em resposta. Durante o debate foi definido que a interatividade interativa é quando existe uma abertura para o indivíduo participar e contribuir para a existência desse objeto, ou se sentir imerso na presença dele. Já a não-interativa é aquela em que a interação é restrita ao o que quem produziu o objeto definiu previamente (o que Haque chama de "transmissão reativa") e não permite o usuário dar uma função diferente a esse objeto. Como exemplo desse primeiro tipo de interação temos museus em que algumas obras permitem a imersão do visitante ou até a interação direta modificando ou induzindo um objeto a mudança de alguma forma. Além disso a Casa Rietveld Schroder seria um exemplo dessa iteratividade-interativa na arquitetura. Já a interatividade não-interativa teria como exemplo a chamada "arquitetura hostil" que utiliza de mecanismos para limitar a função e uso do objeto, como bancos públicos com divisórias que impedem as pessoas de se deitar neles.
Rodada 3 (crítica): Discutir as possibilidades do programático, do acaso e a abertura para a interação dialógica.
Durante o debate foi discutido como a arquitetura atual limita as possibilidades do programático e do acaso, já que a maior parte dos arquitetos seguem o que Jones critica, que é focar no produto final e não no processo. Por seguir os modelos pré-estabelecidos do que é melhor acaba sendo seguido um padrão que ignora a individualidade do usuário e futuro morador, como por exemplo os conjuntos habitacionais. Assim, chegamos a conclusão de que deve haver uma maior abertura para a interação dialógica tanto no processo de planejamento de um ambiente quando depois de pronto, para que a experiência do indivíduo no ambiente seja programática.
Rodada 4 (debatedora): Discutir como passar da experimentação estética com a abstração na tela bidimensional para o não-objeto no espaço tridimensional e, mais além, na direção da interatividade-interativa.
Para chegar na conclusão de como passar da abstração bidimensional para um não-objeto tridimensional seguimos a estratégia de primeiro definir o que seria cada um deles e suas diferenças. A abstração na tela bidimensional não pode ser considerada um não-objeto, pois no processo de criação são representados objetos, mesmo que indiretamente ou desconstruídos. Além disso a abstração bidimensional não permite interação. Seguindo o ensaio de Ferreira Gullar, o não-objeto não tem significado, pois representa apenas a si próprio, não se relacionando então a outros objetos. Além disso, para ser um não-objeto precisa estar aberto a possibilidade de interações, pois sem o espectador ele não está concluído. Também foi levantado o ponto de que dependendo da pessoa a interação com um não objeto seria diferente, e ele não pode haver possibilidades limitadas de interação. Como exemplo de um não-objeto, o mais próximo que consegui pensar foi a escultura "Bicho" da Lygia Clark, pois se enquadra em alguns pré-requisitos de um não objeto, já que não tem uma utilidade específica e permite a interação com o espectador de certa forma. Assim, para fazer essa passagem da abstração bidimensional para o não-objeto tridimensional devem ser esquecidas as molduras e bases, que fornecem uma barreira ou fundo entre o objeto e o mundo real.
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